Obstáculos da inclusão: PcD no mercado de trabalho

Levantamentos apontam razões que impactam negativamente a carreira dos profissionais com deficiência.

Adentrar no mercado de trabalho e/ou desenvolver uma carreira consolidada é ainda mais desafiador para as pessoas que possuem algum tipo de deficiência. No entanto, as razões que dificultam a prosperidade profissional delas estão longe de serem as limitações relacionadas à deficiência em si. De acordo com levantamentos da Catho e da Santo Caos – consultoria de engajamento por meio da diversidade -, problemas de infraestrutura urbana, carência de transporte adequado, preconceito, despreparo de gestores e falso compromisso com a Inclusão são os principais empecilhos encontrados por quem tem deficiência e almeja crescer no mercado de trabalho.

Confira os dados das pesquisas:

44% dos profissionais com deficiência já deixaram de ir a uma entrevista de emprego

Calçadas esburacadas, falta de rampas, transporte ineficiente. Essas e outras dificuldades são incômodas na mobilidade urbana de diversas pessoas todos os dias. Entretanto, para um público específico, como é o caso das pessoas com deficiência, esses obstáculos se tornaram fatores impeditivos para se locomoverem na cidade e, sobretudo, conseguirem trabalhar. 

O levantamento realizado pela Catho com mais de 3,3 mil pessoas apontou que 44% dos profissionais com deficiência já deixaram de ir a uma entrevista de emprego por dificuldades de deslocamento. Dentre os principais obstáculos citados, estão: calçadas inapropriadas, ou seja, com buracos e degraus (63%); falta de infraestrutura acessível, como rampas e faróis inteligentes (26%) e transporte ineficiente ou não adaptado (22%).

Para Tábitha Laurino, gerente sênior da Catho, existem alguns fatores que podem auxiliar profissionais com deficiência e empresas a encontrarem soluções para enfrentarem essas barreiras diárias que impedem a inclusão no mercado de trabalho. “Mesmo com os avanços até aqui, melhorias ainda se fazem necessárias. É fundamental quebrar paradigmas, buscar informações, conhecer a fundo a especificidade de cada um”, afirma a gestora.

Menos de 10% dos profissionais com deficiência ocupam cargos de liderança

A pesquisa da Santo Caos – em parceria com a Catho, apresenta em números que, apesar da crescente presença dos profissionais com deficiência no ambiente de trabalho, a inserção não ocorre em todos os cargos e níveis hierárquicos: menos de 10% dos postos de liderança são ocupados por profissionais com deficiência. 

O levantamento ouviu mais de 1.000 pessoas, dentre elas, gestores e profissionais com deficiência, e indicou ainda as funções em que esses profissionais mais são encontrados, tais como os cargos de: assistente (57%), analista (17%), técnico (12%), coordenador (5%), gerente (4%), aprendiz (3%), estagiário (2%), diretor (0,4%) e vice-presidente e/ou presidente (0,2%). 

Para o sócio diretor da Santo Caos, Guilherme Françolin, ainda há uma grande barreira para ser quebrada na maneira que as empresas enxergam o desenvolvimento de pessoas e a promoção de pessoas com deficiência. “Capacidade de liderança estão ligadas a competências comportamentais e técnicas. Entretanto sabemos que ter deficiência não impede uma pessoa de ter a capacidade de liderar. Dar oportunidade, representatividade e visibilidade são fundamentais para tirarmos os profissionais dos cargos de entrada. Afinal, a busca das organizações atualmente é por líderes com maior empatia, capacidade de mudança e adaptação. Acreditamos que uma gestão inclusiva e diversa são fundamentais para engajar a equipe a lidar com cenários turbulentos e trazer resultados”, afirma.

Para Tábitha, os dados refletem uma rasa inclusão, onde a contratação, muita das vezes, se dá apenas para o cumprimento da Lei de Cotas. Neste cenário, encontram-se profissionais que, quando contratados, possuem baixas perspectivas profissionais e pessoais, somado também à desmotivação. “Os dados evidenciam que as empresas possuem um espaço para crescer. Existem diversas práticas que podem ser aplicadas no ambiente corporativo, tais como a aplicação de grupos de discussão, onde esse profissional pode ser ouvido de forma efetiva; encontros com experiências sensoriais, onde toda a equipe de trabalho pode vivenciar minimamente sobre como é a vida de uma pessoa com deficiência, reuniões de feedbacks entre os times; dentre outros”, comentou.

34% dos profissionais com deficiência se sentem isolados no mercado de trabalho

No mercado de trabalho, o pertencimento é observado na forma como os profissionais se relacionam com a empresa, ou seja, quão aceito e útil eles se sentem em relação às suas funções. Segundo a pesquisa da Santo Caos em parceria com a Catho (com mais de 1.000 respondentes), 34% dos profissionais com deficiência se sentem isolados no ambiente de trabalho, percepção que reforça a lacuna de investimento das empresas a respeito do tema. Outros pilares também foram observados, tais como ausência de: compartilhamento (37%), compromisso (17%) e orgulho (11%).

Para Guilherme Françolin, a grande dificuldade das empresas é acreditar que recrutar é o principal desafio e que depois de encontrar o profissional com deficiência ele vai permanecer estacionado no quadro de funcionários. “Recrutar é o primeiro passo, mas se a empresa deseja um profissional envolvido, ela precisa dar voz, reconhecer e integrar este público na organização. Ter diversidade não é suficiente, é necessário engajar e incluir. Não existe uma empresa que pode se dar ao luxo de desperdiçar talentos, enxergar isso no profissional independente de quem ele seja trará diversos benefícios para o negócio”.

Já para Tábitha Laurino, no mercado de trabalho, essas especificidades são observadas por meio da cultura da empresa, que mede as relações profissionais com o crescimento dos resultados. Logo, se um profissional com deficiência se sente inferior no ambiente de trabalho em detrimento ao resto da equipe, é papel dos líderes e gestores injetarem a inclusão de forma mais efetiva entre os times. “Citamos o pertencimento como pilar primordial nessa pesquisa, pois este é o ponto que mais dói no dia a dia das pessoas com deficiência, seja na área pessoal ou profissional. Paralelamente à esse déficit, temos o impacto desse baixo engajamento também em outros pilares. Um profissional que não se sente parte de equipe não se orgulha do seu local de trabalho, não veste a camisa e não a compartilha. Essa deve ser sim uma preocupação das empresas para irem além das cotas”.

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Fonte: https://www.catho.com.br/

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