Raça interfere em renda, ocupação e desemprego

No mês da Consciência Negra, te convidamos a refletir sobre as oportunidades – ou a falta delas –  do mercado de trabalho para as populações negra e parda. Números mostram cenário de desigualdade.

Apesar do crescente discurso acerca da diversidade – em como ela pode beneficiar negócios trazendo pluralidade de visões e vivências – e da linguagem de liberdade e igualdade constitucional que propõe a inclusão de todas as pessoas em todos os ambientes, o racismo estrutural insiste em se perpetuar na nossa sociedade. O mercado de trabalho é excludente. E é excludente especialmente com a população negra.

Muito se discute sobre os efeitos do racismo na realidade atual. Questiona-se também a própria existência do racismo na atualidade. No entanto, diante de qualquer análise demográfica que faça recortes por raça, é inegável que a população negra é preterida no acesso à educação e ao trabalho e na perspectiva de desenvolvimento de carreira. Inclusive, este é o tema de maior urgência para essa população de acordo com uma pesquisa do Google: 46% enxergam a necessidade de maior abertura de portas no mercado de trabalho.

A urgência por oportunidades também é resultado do cenário de desemprego do país. De acordo com a última pesquisa divulgada pelo Pnad Contínua, em outubro, a taxa de desocupação no Brasil é de 12%. Porém, há reflexos do racismo institucional quando observamos os dados mais a fundo: a maior concentração se dá entre jovens, mulheres, negros e pardos. O percentual de profissionais desempregados autodeclarados brancos (9,5%) fica significativamente abaixo da taxa de desocupação dos autodeclarados pretos (14,5%) e pardos (14,0%). O levantamento evidencia a dificuldade dos negros para se inserirem no ambiente profissional.

Desemprego, renda e precarização do trabalho

Outros aspectos também refutam a relativização da discriminação no mercado. Apesar de representarem 54% da população brasileira, os negros ainda são minoria em direitos sociais. A desvalorização desta força de trabalho influencia as posições que os negros ocupam e na renda gerada pela prestação de serviços.

Quando analisamos a ocupação em cargos de maior importância nas corporações, nota-se a ausência de pessoas negras. Segundo um levantamento do Instituto Ethos, menos de 5% das 500 maiores empresas do país são dirigidas por negros. Em contrapartida, essa população é maioria nos trabalhos precarizados e informais. Junto ao aumento do trabalho informal no Brasil nos últimos anos, cresceu também a desigualdade racial no preenchimento destes postos. De acordo com o IBGE, quase metade da população negra empregada trabalhou em postos informais em 2018 (47,3%). Na população branca, essa proporção ficou em 34,6%. Ainda sobre a precarização do trabalho, os negros e pardos em situação de subutilização correspondem a mais que o dobro do número de brancos: são 18,4 milhões de pessoas contra 9,1 milhões em 2018.

A disparidade na remuneração salarial também se destaca quando comparamos as duas populações, seja no emprego formal ou no informal. Um trabalhador formal branco ganha, em média, 3,1 vezes o rendimento médio de um trabalhador informal negro. Em média, o rendimento de uma pessoa negra empregada formalmente está muito mais próximo do rendimento de uma pessoa branca empregada informalmente do que de uma pessoa branca que também trabalha sem registro. 14,8% é a diferença entre a renda média dos negros e pardos que trabalham em empregos formais e a renda média dos brancos em postos informais.

Olhando para a trajetória, a lacuna de rendimento permanece alarmante no país: entre 2012 e 2018, a diferença entre quanto ganham os brancos e quanto ganham os negros esteve praticamente inalterada. 73,9% é a diferença entre a renda média dos brancos e a renda média dos negros e pardos, segundo números de 2018 do IBGE.

A situação fica ainda mais desigual e preocupante quando a mulher negra entra em cena. As estatísticas do IBGE revelam duas maneiras de discriminação da renda: por sexo e por etnia.  A remuneração de um homem branco é, em média, 2,25 vezes maior do que de uma mulher negra. Já a mulher branca ganha mais do que homens negros.

Inclusão racial no mercado de trabalho

A descriminação racial é um dos mecanismos que compõe e estrutura o mercado de trabalho brasileiro. A questão racial, sob qualquer perspectiva analisada, condiciona o posto de trabalho que o profissional negro ocupa e seu poder aquisitivo relacionado ao salário. No entanto, não há uma “receita de bolo” que possa promover uma mudança efetiva no mercado e impulsionar a inclusão igualitária dos negros no trabalho. Transformar a realidade exigiria, minimamente, a equalização da liberdade de acesso à educação, permitindo o ingresso de todas as pessoas independente da raça. Além de incentivos que modifiquem a leitura social desta população, erradicando estereótipos e condicionamentos negativos, e soluções que forcem sua entrada no universo profissional, como o sistema de cotas – alternativa provisória que pode influenciar percentuais melhores na empregabilidade dos negros.

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Fonte: https://www.catho.com.br/

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